quarta-feira

DIA MUNDIAL DO ROCK PELA VIDA



O ATIVISMO QUE MARCOU O ROCK


Rozineide M Cruz


O 13 de julho de 1985 poderia ter sido um dia qualquer, mas quis a história, que essa fosse uma data celebrada para sempre por todos aqueles que tem o rock como trilha sonora de suas vidas.
Há 32 anos, o músico irlandês Bob Gheldof, vocalista da banda Boomtown Rats ousou ter uma atitude humanista e sonhar. Após ver de perto a condição desumana do povo faminto da Etiópia na África, a sua indignação, o leva a unir forças com outras estrelas e criar o maior evento musical ativista até hoje já realizado de forma simultânea em dois continentes e, transmitido, em boa parte, ao vivo para milhões de pessoas no mundo todo por mais de 16 horas consecutivas.
A ideia era arrecadar o máximo de recursos possíveis que pudessem ser revertidos em alimentos para combater a fome na África. Para isso, os palcos foram montados, na América, Estádio JFK, na Filadélfia EUA e, na Europa, o histórico Estádio de Wembley na Inglaterra.


Apesar dos recursos arrecadados terem superado em muito as expectativas, o resultado final não atingiu seu objetivo. Infelizmente, a fome na África não acabou, o idealismo do projeto sucumbi as barreiras políticas locais.
Mas, ainda assim, aquele dia, aquela união de estrelas em favor de algo maior, que oferecia música como alimento da alma em troca do alimento para acabar com a fome na África, transcendeu os palcos, revelou além de Gheldof outros ativistas como Bono Vox do U2, criou um marco no calendário do rock e deu o empurrão que faltava para o movimento de engajamento ecológico, social e político crescente que se estenderia ao longo dos anos 80 e até hoje e, que teria uma nova versão 20 anos depois com o Live 8. Mas nada, nada mesmo, marcaria a história da música, principalmente o rock, como o 13 de julho de 1985 com a edição do LIVE AID.



Os shows inter-continentais foram encerrados no JFK e no Estádio de Wembley com os dois projetos ativistas que deram o ponta-pé inicial à toda essa história, nos EUA o "U.S.A. for Africa" com "We are the world" e, na Inglaterra o "Band-Aid" "Do they know it's Christmas?", com todos os artistas no palco.
A constelação de estrelas divididas não só em dois palcos, mas em dois continentes era enorme, pincelamos algumas, com destaque para o britânico multi-instrumentista Phil Collins do Gênesis, único a se apresentar nos dois palcos, primeiro, com setlist solo e participação no show de Sting em Londres, depois, voou de Concorde para Filadélfia para tocar bateria na apresentação do Led Zeppelin e Eric Clapton, onde também se apresentaram Black Sabbath, Judas Priest, The Cars, Mick Jagger e Tina Turner, Simple Minds, Bob Dylan, B.B.King, The Beach Boys, Duran Duran entre outros. Já o palco de Londres recebeu Queen (eleito pelo público como o melhor show), Paul McCartney, The Who, David Bowie, David Gilmour, U2, a banda irlandesa de mera coadjuvante foi catapultada como a maior banda de sua geração após sua performance inesquecível, Elton John, o próprio Bob Gheldof e banda, e muitos que estão listados no banner do evento. INXS e Men at Work foram transmitidos direto de Sidney, na Austrália, assim como outros shows o foram direto de Moscou e do Japão.


Estima-se que o evento teve por via satélite e televisiva mais de 1,5 bilhão de espectadores em mais de 100 países, além de público aproximado em estádio, 82.000 em Londres e 99.000 na Filadelfia. Quanto aos recursos, tinha-se a expectativa de arrecadar 1 milhão, porém, estima-se que as cifras superaram aos 150 milhões de libras, cerca de 283,6 milhões de dólares, o qual infelizmente não receberam o destino esperado.
Em 8 de novembro de 2004, a Warner Music Company lançou uma caixa com 4 DVDs contendo 10 horas de filmagens parciais das 16 horas originais do evento que se perderam, tudo para combater a pirataria, o que, nos dias de hoje é praticamente impossível devido ao alcance da internet e das redes sociais.














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