sexta-feira



LUA CRESCENTE E SABBATH OLÉ, OLÉ, OLÁ

BLACK SABBATH
11/10/13 Campo de Marte SP


Por: Rozineide M Cruz

Após o show eletrizante e competente de abertura do MEGADHET, liderado pelo vocalista Dave Mustaine o território do Campo de Marte tremeu!
Antes mesmo da cortina preta se abrir, o “ex-comedor de morcegos” e “Príncipe das Trevas” Ozzy Osbourne, dava as boas vindas aos fãs com sua voz inconfundível agitando o público com o “Olé, Olé, Olá...” seguido pelos fãs que entoavam Sabbath, Sabbath... E aí veio a gargalhada sinistra, a sirene e a queda do manto negro, última barreira que separava o encontro da multidão enlouquecida de headbangers do momento histórico tão aguardado.
Para alguns aquela visão não parecia real. “-Cara! É ele mesmo? Tony Iommi? Não acredito! O Ozzy e o Geezer! Caral...to crazy cara, crazy!” Diziam alguns que estavam ao nosso redor.


Era uma noite especial. Um céu limpo e iluminado pela lua crescente, numa sexta-feira 11, o número mediano da espiritualidade, em outubro, mês do dia das bruxas, do ano 13, não por acaso o título do novo álbum do Black Sabbath. E ainda tinha aquele vento gelado que passou a soprar lá pela metade do show. Tudo isso somado ao histórico da banda dava bem o tom da noite. Os riffs do heavy metal frio, obscuro, perturbador de acordes apaixonantes e sinistramente envolventes formavam a atmosfera típica do Sabbath!
Seguindo o set list da Turnê Reunion à risca, a banda abriu o show com a maravilhosa pacifista “War Pigs”, mostrando logo de cara a que vieram os sessentões do metal. Depois, intercalados, clássicos e os novos sons do álbum 13.
Certamente os pais do Heavy Metal não precisam provar mais nada a ninguém. O Black Sabbath já tem o seu lugar na história. Se o tempo limita o corpo físico, o mesmo não se faz com a essência. Essa estava intacta. O guitarrista Tony Iommi não é desse mundo! Numa visão surrealista podemos dizer que ele não tem mãos nem dedos, e sim, “tentáculos”. O mega competente baterista Tommy Clufetos, substituto do membro original Bill Ward, cativou os fãs com seu momento solo, tirando qualquer dúvida quanto a sua escolha para assumir as baquetas do Black Sabbath. Ironicamente, ele parecia possuído pelas baquetas, tamanha era a energia que impunha a cada música. Os longos dedos de Geezer Butler, simplesmente deslizavam no baixo produzindo os acordes assustadores e ao mesmo tempo belíssimos. E o que dizer de Ozzy Osbourne? Incomparável! Inusitado! A voz que “coagula” o som denso e pesado do Black Sabbath desde os anos 60.


  
Um show curto, com script determinado interrompido em alguns momentos pelo tresloucado Ozzy e sua postura boneco de desenho animado, “Teletubbies”. Ele correu, “a lá” Ozzy, de um lado pro outro, saltou, ajoelhou agradecendo, fez o tradicional polichinelo chamando o público com ele. E contrariando a ideia de muitos, várias vezes durante o show, “Deus” acabou sendo a tônica da noite nas falas de Ozzy e Tony Iommi. -“Deus abençoe a todos”. -“Deus os acompanhe de volta pra casa”. “Amo vocês”.
Muitos descreveram o show como uma missa negra. A nossa visão foi de uma “Metal Ópera Fúnebre” ou “Gótica”, que apresentou clássicos dos quatro maiores álbuns da banda. O que levou a loucura os 77.000 fãs espalhados pelo Campo de Marte. As boas faixas do álbum 13 foram bem recebidas, mas não empolgaram. Muito por culpa dos aclamados clássicos da banda.



Confira o setlist completo do show do Black Sabbath em São Paulo:

War Pigs
Into the Void
Under the Sun
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave

Bis:
Sabbath Bloody Sabbath (Intro)
Paranoid



O show do Megadeth foi coeso, cru, metralhador e direto. Para uma banda de luxo de abertura, simplesmente, curto e grosso, apesar da simpatia do vocalista Dave Mustaine demonstrada no final. Assim, curto e direto, confiram o set list do show:




MEGADETH

Hangar 18
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
She-Wolf
Sweating Bullets
Kingmaker
Tornado of Souls
Symphony of Destruction
Peace Sells
Holy Wars... The Punishment Due


PITACOS da CRUG



















O CAMPO É DE MARTE E NÃO DE SHOW

Show do BLACK SABBATH em São Paulo! Eh! Vem aí Festival de Rock em São Paulo! Eh!
Onde? Não temos Arenas disponíveis nem apropriadas para isso. Os Estádios de Futebol, futuras Arenas, não estão disponíveis. Oh!
Mas temos espaços! O Autódromo de Interlagos, a Arena Anhembi! E agora a recente descoberta: O Campo de Marte!
E os preços? Ah! Esses sim! Não importa o lugar, eles estão sempre no topo!
Para o Black Sabbath. o valor mínimo era de R$ 360,00 (R$ 180,00 a meia) para a Pista Comum. Assinale bem: Pista Comum. Aquela, bem longe do palco, com banheiros químicos insuficientes e mal distribuídos para atender um volume de + ou – umas 60 mil pessoas distribuídas somente nessa área. Depoimentos de alguns fãs do Black Sabbath que estavam na pista comum na saída do show trouxeram até nós as dificuldades do local.
- A iluminação pra circulação é ruim, o som tava péssimo, muito aperto, com certeza o lugar tinha mais gente do que poderia suportar, além do que, ainda tinha as placas divisórias de “alumínio” gigantes, tampando a visão de quem estava atrás. Elas viraram paredão do “xixi”. Com os banheiros longe, na hora do aperto, ninguém queria sair da onde estava pra não perder o lugar aí, o pessoal se virava por lá mesmo. Quem organiza os shows precisa lembrar que nós pagamos pra estar aqui, não entramos de graça e é só por amor a banda, porque o serviço é péssimo.”



A Pista Premium foi dividida por uma espécie de fosso para facilitar o trabalho dos bombeiros no socorro a possíveis vítimas. Resultado, aperto causado pela grande concentração de público espremido numa mesma área. A visão de quem estava na Pista Premium, fora a grade em frente ao palco e a do corredor do fosso, ficou reduzida aos telões. Isso, devido ás torres formadas por caixas de equipamentos de som empilhadas ao longo do corredor que divide público e palco.


Esse último, o palco, parecia uma “caixinha de fósforo” em relação à dimensão do espaço. É bom lembrar que, a péssima visão custou à bagatela de R$ 600,00 reais a inteira e, a meia R$ 300,00 reais por ingresso, quase hum salário mínimo, sem contar outras despesas como alimentação, bebida, estacionamento e transporte.
O quesito bebida no pós-show cumpriu bem as normas do “se beber não dirija”. Não mesmo! Não havia condições para isso. Muitos saíram do show cambaleando ou carregados, com dificuldades para caminhar até as duas estações do metrô mais próximas, as da linha azul, Santana e Carandiru, já que o show terminou por volta das 23h15min horas com os trens ainda em circulação.
Quem tem olhos para ver que veja! Ouvidos para ouvir que ouça! Cabeça pra pensar que pensem!
O Campo de Marte é um Campo Aeroviário que serve para pousos e decolagens de pequenas aeronaves. Embora imenso e comporte grande número de pessoas em eventos, a sua quantidade perde longe para a qualidade.
Até quando vamos precisar falar sobre isso? Até quando ceder e pagar preços abusivos por desserviços movidos pelo impulso de vivenciar um momento? Não podemos continuar entorpecidos nem permitir que a paixão pela música nos cegue. Roqueiros ou não, vamos refletir? O produto oferecido pode ser bom, mas será que a embalagem que vem junto vale o preço a ser pago?
Aos que organizam e produzem, cuidado! É bom dar mais atenção à qualidade, se não, as novas tecnologias irão substituir o calor das massas pelo conforto de levar a emoção á cada um onde estiver, sem desgaste, gasto ou descaso.


Enfim, Arenas onde estais vós?

As imagens podem ter direitos autorais


terça-feira

THIS IS THE END

MY, YOUR, OUR… MTV BRASIL

Por: Neide Crug

Quando nasceu, 20 de outubro de 1990, tão alegre, vibrante, saltando direto da infância para a pré-adolescência, ninguém poderia imaginar que viveria só vinte e três aninhos.
-Ah! Meus 23 anos! Diria a rebelde de si mesma.
Os primeiros anos, brilhantes! Líder absoluta entre seu público alvo, jovens e adolescentes. Alcançando até a faixa adulta dos trinta anos durante os anos 90. Já nos anos 2000, passou a ser confrontada contra aquela que de amiga e parceira, passaria a ser um de seus algozes: a Internet.
De repente, o tempo passou. Seu público fiel cresceu e, agora, dividia a atenção com os atrativos dos novos rumos que a internet oferecia.

No início, uma mão lavava a outra. Afinal, nem todos tinham acesso á rede que engatinhava no país. Assim, a MTV ainda era o veículo mais rápido para obter informação e entretenimento.
Mas a velocidade com que crescia esses novos rumos era avassaladora. Isso teve efeito sobre a MTV. Sua enorme criatividade, seu visual inovador e a equipe de VJ’s super talentosos e carismáticos, sumiram. O sucesso deles na telinha chamou tanto a atenção, que outras emissoras vieram, caçaram e abduziram esses talentos.
Não parecia. Mas era o princípio do fim. A competitividade da internet, a saída de VJ’s que eram a cara da emissora que ditavam o ritmo dos programas de forma inteligente e divertida e, o esvaziamento da criatividade por trás das câmeras das mentes geniais responsáveis por programas e vinhetas inovadores que instigaram os jovens a ter voz ativa no país, tudo contribuiu para um caminho sem volta.
Nos últimos anos a rebelde mais famosa dos canais abertos, tinha se tornado uma paródia de si mesma. É verdade que não se venderam. Mas a “olhos nus”, se tornaram uma espécie de “Menudo”.
- Mudou a geração? Então precisamos de caras novas que os represente! A resposta a isso veio no ar. Caras novas que nada acrescentaram. Uma programação repleta de programas vazios e sem conteúdo.
A MTV Brasil famosa por convidar o jovem para o debate, a discussão construtiva, agora era a voz do humor com foco na “genitália masculina”.
Pergunta: MTV, Music Television, não significava canal de música? Para onde foi á música? De quem foi á ideia de inchar a programação com besteirol barato disfarçado de humor? Para onde foram os shows, os esportes radicais, as promoções, o falar inteligente e contestador, o jornal da música, as transmissões de shows ao vivo?
Nessa segunda, 30 de setembro de 2013, a meia noite em ponto, financeiramente falida, a jovem rebelde que viveu anos dourados vai morrer.
A verdade, é que os responsáveis pela MTV Brasil perderam a mão e a direção. Perderam o prumo. Não souberam multiplicar os investimentos da “usina criativa”. Quem perde Fábio Massari, Kid Vinil, Zeca Camargo, Astrid Fontenelli, Cuca Lazarotto, Edgard Piccoli, Luíz Thunderbird, Cazé Peçanha, Gastão Moreira, Penélope Nova, João Gordo, Marina Person, Sabrina Parlatori, Sarah Oliveira, Soninha Francine, Chris Nicklas, Chris Couto, Marcos Mion, Didi Wagner, Leo Madeira, Luisa Micheletti entre tantos outros, abre mão de sua essência.



As coisas mudam ou evoluem? Do Vinil ao cartão de memória quanta evolução! Mas ambos podem carregar o mesmo conteúdo, a música. A MTV Brasil quis tanto mudar que, simplesmente, parou de evoluir. Abriu mão do conteúdo, da criatividade, da atitude que era sua marca registrada para ser um “Peter Pan” às avessas: erotizado, recheado de humor chulo e emburrecedor. Nem sombra da MTV dos bons tempos. Saudosismo? Não. É a visão de muitos.
Por isso, não a My MTV Brasil, mas a que se tornou paródia dela mesma, enterrou a nossa, pegou as malas, fechou a fábrica de talentos e voltou para a casa americana, de onde partiu ainda um embrião.
Ela voltará? Dizem que sim, até renovada. Mas nunca mais como a nossa MTV Brasil. Neste 1º de outubro 2013 ficamos órfãos. Órfãos do talento e da criatividade brasileira.
Órfãos, Yes, you can cry.


Até.


As imagens podem ter direitos autorais