sexta-feira



O TREM QUE INVADIU E ARRASTOU CHIFRES PARA DENTRO DO MORUMBI


27/11/09





























Texto: Rozineide M. Cruz - a Crug

Público de 60 mil pessoas. Todos os ingressos postos á venda esgotados. Show fechado, "sold out" com muita antecedência. Um único show no Brasil da turnê Black Ice no Estádio do Morumbi em São Paulo. Numa sexta-feira á noite inesquecível, fãs enlouquecidos conferiram o show dos veteranos do bom e velho rock'n'roll.
A banda: Brian Johnson vocal, os irmãos Angus e Malcolm Young guitarra solo e base respectivamente, Cliff Willians baixo e Phil Rudd bateria.
O setlist: "Rock n' Roll Train"; "Hell Ain't a Bad Place to Be"; "Back in Black"; "Big Jack"; "Dirty Deeds Done Dirt Cheap"; "Shoot to Trill"; "War Machine"; "Dog Eat Dog"; "You Shook Me All Night Long"; "T.N.T."; "Whole Lotta Rosie"; "Let There Be Rock". Bis: "Highway to Hell"; "For Those About to Rock (We Salute You)". O que dizer diante disso?
O que dizer quando, em certos momentos, o ditado "querer é poder" não nos cabe? Já era noite e, dentro de um Morumbi lotado por fanáticos pelo ACDC o show já rolava; do lado de fora, outras dezenas, centenas de fãs menos sortudos, sem ingresso e, uma parte da imprensa não credenciada - como nós -, limitava-se a ouvir o que ecoava lá de dentro. 







A cada clássico, cada acorde de guitarra do alucinado Angus Young, dava pra sentir o Morumbi tremer como se fosse final de campeonato. Aquilo que os olhos não podiam ver, de certo, a alma de todos ali, sentia: "Hoje está rolando o melhor show de 2009".


Ao final, ao colhermos a impressão dos fãs extasiados que saiam do Estádio, as respostas eram unânimes: "Eles arrebentaram"; "A melhor banda de hard rock do mundo!"; "O melhor show da minha vida!"; "Pena a gente não saber se vai voltar a ver isso novamente". Eram depoimentos rápidos de fãs que vieram de toda parte do Brasil. Todos foram recompensados pelos longos 13 anos de espera, todos mesmo!



Morram de inveja, diriam alguns. Muita calma nessa hora, inveja boa não mata. Qual fã que não conseguiu ingresso, não gostaria de ser o nosso amigo na foto?
Aos que viram e ouviram, saudações. Aos que do lado de fora aguçaram os sentidos, parabéns fiel massa roqueira! Ao ACDC muita, mas muita estrada de vida, provando que o rock e os que vivem dele nunca envelhecem e o tempo, só contribui para que fiquem melhores.
Em nome dos milhares de anônimos, saudações. Vejam as fotos. Até mais.










As imagens podem ter direitos autorais.

domingo

MAQUINÁRIA FESTIVAL

UM FESTIVAL. DUAS GRANDES ATRAÇÕES . A MAIOR: A VOLTA DO

















FAITH NO MORE


Texto: Rozineide M. Cruz – a Crug
Fotos: Marcos Hermes

Primeira noite
07/11/09

Depois de um dia escaldante de muito sol, a chuva se fez presente na Chácara do Jockey bem na hora do início do show do Faith No More. O que acabou servindo de inspiração para o inusitado figurino do vocalista Mike Patton. Guarda-chuva em punho e visual caricatu, uma espécie de malandro, com ares de bicheiro ou coisa do tipo; com gel no cabelo, bigodinho, medalhão da polícia militar pendurado no pescoço e terno pink, ele literalmente, roubou a cena logo de cara, mesmo antes de exibir o "vozeirão" multifacetado. Não menos irreverentes os outros FNM, Roddy Bottum teclados, Bill Gould baixo, Mike Bordin bateria e John Hudson guitarra, pareciam os homens de preto. Porém, a banda deixou bem claro que não eram mais os garotos de bermudas e camisetas que arrebentaram como a primeira banda new metal - mesmo não gostando do rótulo -, no início dos anos 90. No palco estavam homens maduros, curtindo tocar a mistura rap, funk, soul, metal e rock que é a espinha dorsal do FNM.


Entre graves, agudos, agudíssimos e amostras de bom português o vocal Mike Patton, literalmente, liderou o público presente na Chácara do Jockey com maestria, demonstrando uma queda pela bossa nova em versões do repertório da própria banda, com direito a letra em português. Duas horas de show "quentíssimo" abrindo o set list com "Out of Nowhere" seguida de "Be Agressive", "Caffeine", "Evidence" (versão em português), "Surprise You're Dead", "Last Cup", "Riochet", a balada "Easy" da banda setentista The Comodors, o clássico "Épic", "Mudlife Crisis", "Caralho" (colaboração amigos brasileiros e o dicionário do palavrão da língua portuguesa), "Gentle Art", "King For a Day", "Ashes" e "Just a Man". Com o público enlouquecido chamando a banda para o bis, eles voltam pra tocar "Chariots", "Stripsearch" e "We Care a Lote" e para Mike Patton dizer que eles estavam velhos, já era tarde e nós deveríamos ir pra casa, além daquilo que ninguém queria houvir: -"Tocar aqui é incrível mas, esse pode ser o último show do Faith No More no Brasil"! Esperamos que não. Por tudo isso, o retorno, a atmosfera do show com certeza ele faz parte do que de melhor passou por aqui em 2009.



O Maquinária Festival 2009 teve também outras boas atrações na mesma noite. 



O Janes Addiction do vocalista Perry Farrell, criador do Festival itinerante "Lollapalooza", pela primeira vez no Brasil apresentou um bom show com seu som viajante e a presença andrógena de Farrell no palco contracenando com "bailarinas" semi nuas indo contra a habitual antipatia, porém competência do guitarrista Dave Navarro, fechando a apresentação com uma performance de percussão muito envolvente liderada por Stephen Perkins bateria, sem esquecer Chris Chaney no baixo. A falta de empolgação do público se explicava, em parte, por conta da próxima atração, Faith No More. O que já havia acontecido com as outras bandas anteriormente. O set list: "Up the Beach", "Mountain Song", "Aint no Right", "3 Days", "Whores", "Then She Did", "Stealing", "Ocean Size", "Ted"; e o Bis: "Summertime", "Stop", "Jane's Says" e "Chip Away".



Outra boa banda a se apresentar no palco 1 foi o Deftones do vocalista e guitarrista Chino Moreno, Stephen Carpenter guitarra, Abe Cunningham bateria, Frank Delgado Sampler e Sergio Vega baixo e vocal. Pela terceira vez no Brasil - a primeira foi em 2001 para o Rock in Rio 3, ano em que a banda levou o grammy de melhor performance "Heavy Metal" pela música "Elite" do seu 3º álbum "White Pony" de 2000 e, a segunda em 2007 com passagem pelo Via Funchal em São Paulo -, sem o mesmo brilho de anos anteriores mas cumprindo o seu papel, a banda agradou, particularmente, só alguns fãs mais ardorosos; o set list: "Rocket Skates", "Lotion", "Summer", "Drive", "Feiticeira", a clássica "Elite", "Knife Party", "Root", "No Se Bleed", "Be Ware", "Fur", "Head Up", "Hole", "Hexagram", "Change", "Passenger", "Back to School" e "Seven Words". 


O Sepultura também sem grandes novidades a não ser o meião do São Paulo do guitarrista Andreas Kisser e a ausência sentida no ar dos eternos irmãos "Cavaleira". Outro bom show da primeira noite do Festival foram os também brazucas da Nação Zumbi, pra quem sente falta do movimento "Mangue Beat" showzasso.





Segunda Noite
08/11/09

EVANESCENCE

PESO E MELANCOLIA REGIDOS PELA VOZ DA BELA AMY LEE




"Viemos aqui porque vocês são fãs muito especiais".

Foi assim que a vocalista Amy Lee, da banda de Little Rock, Arkansas, Estados Unidos, Evanescence se reencontrou com o público brasileiro após 2 anos de ausência. Reformulada após a saída de um dos seus fundadores, o guitarrista Bem Moody, a banda parece ter tomado forma e cara de sua líder, a “frontwoman” Amy Lee.
E a bela deu o tom na segunda noite do Maquinária Festival. Com o habitual visual “gótico”, dessa vez um pouco quebrado por uma saia sobreposta de véus coloridos – mesmo figurino usado no show Evanescence Secret NY no dia 4 de novembro em Nova York –, ela surgiu no palco e foi aclamada pelo público num misto de adoração e admiração. A voz tênue e pontilhada de estilo clássico, destoando do peso das guitarras e da bateria, é o que dá a liga, principalmente, no show do Evanescence.
Nessa segunda passagem pelo país, a banda apresentou além das músicas do consagrado álbum de estreia “Fallen” de 2003, o seu último trabalho “The Open Door”, um álbum mais dramático e melancólico que nos remete ao pensamento do estilo “Emocore”. Lembrando que, a banda desde o início, sempre foi categorizada no estilo “New Metal”, ou, como a própria Amy Lee a define, mais corretamente – na nossa modesta opinião –, “Rock Sinfônico”. Tudo isso, porque, diferente do álbum anterior, as faixas do novo trabalho não apresentam uma diferença acentuada que demonstrem mudança de uma para outra. O sentimento é de uma história contínua cortada em pequenos capítulos, e o show reflete um pouco isso: a mescla de dois momentos distintos do Evanescence.



 Apesar dessa tênue alternância, fique bem claro, o show foi bom. Melancólico, sem surpresas, mas bom. Com momentos emocionantes para os fãs como as muitas frases de Amy Lee, como: "Vocês não são normais. Vocês não são fãs comuns, são muito especiais". E continuou agradecendo o momento: “Foi o máximo estar aqui”. E para empolgar ainda mais os fãs, fechou dizendo: “Quem sabe em 2010, estaremos de volta, vamos nos esforçar para isso”. Boa Amy Lee! Um dos momentos mais bonitos e aguardados do show é quando a vocalista vai ao piano, e no seu solo, canta a canção “My Immortal” do álbum “Fallen”. Belíssimo! Outro momento marcante foi durante a execução de “Good Enough”, os fãs aplaudiram e acompanharam em coro o refrão, o que deixou Amy Lee encantada e surpresa, isso ficou claro nos telões.
Alguns erros de execução durante o show como na música “Weight Of The World” que teve um trecho da letra trocado, o qual, a vocalista reconheceu em público e, problemas com o som. No mais, tudo certo.
Além do figurino, o set list também foi o mesmo do show apresentado em Nova York quatro dias antes. Confiram:
01. Intro
02. Going Under
03. Weight Of The World
04. The Only One
05. Cloud nine
06. Haunted
07. Missing
08. Lithium
09. Good Enough
10. Whisper
11. Call Me When You're Sober
12. Imaginary
13. Bring Me To Life
14. All That I'm Living For
15. Taking Over Me
16. Lacrymosa
17. My Immortal
18. Your Star


Outro bom show da noite foi o eterno ex-baixista do Guns N' Roses, Duff Mckgam Load, que deixou os fãs com saudade da fase mais verdadeira e Hard Rock do Guns.




E a banda norte americana Panic! At The Disco pela primeira vez no Brasil, praticamente, abrindo para o Evanescence. Mesmo destoando em estilo do line up da noite, o Panic surpreendeu fazendo o público vibrar. O vocalista Brendon Urie arrancou gritos estridentes das fãs, e aproveitou a empatia conquistando todo público falando muito. Disse que "tomou a legítima caipirinha" diferente do que se bebe nos Estados Unidos e pediu dicas para curtir a noite em São Paulo. Tudo para introduzir a música "Nine in the Afternoon" que é sobre beber muito. Fez o mesmo ao citar a bela Megan Fox como "garota gostosa" antes da canção "New Perspective", trilha sonora do filme "Garota Infernal". E, ao afirmar durante os primeiros acordes de "I Write Sins Not Tragedies" que graças a ela é que eles estavam ali, incendiou de vez a Chácara do Jockey pondo todos pra cantar e pular com ele. Brendon antes de encerrar o show, agradeceu o público brasileiro com o clichê: "Esse foi o melhor show que já fizemos, e se vocês quiserem, vamos voltar aqui". Disse, ainda, que como todos também era fã do Evanescence e ia ficar pra ver o show. Foi assim, que o "patinho feio" do Pop Rock Teatral virou "cisne" na noite de New Metal.
Esse foi o bem montado setlist do show dentro da curta discografia da banda:

Time to Dance
Camisado
London Beckoned
Handsome Woman
But It's Better If You Do
Nine In the Afternoon
Lying Is the Most Fun a Girl Can Have Without ...
That Green Gentleman
Only Difference Between Martyrdom and Suicide Is Press Coverage
I Constantly Thank God For Esteban
New Perspective
Build God, Then We'll Talk
I Write Sins, not Tragedies
Mad as Rabbits


No fim, o saldo foi positivo para o Maquinária Festival. Público bom e shows com cara de resgate do estilo garagem, sem grandes produções.
De negativo só a chuva que insistiu em cair, principalmente durante as apresentações da segunda noite do festival na Chácara do Jockey. Mesmo assim, o público, pulou e cantou. Afinal era a Máquina dos diversos estilos do rock a todo vapor.