sábado

STP e BUSH



PÓS GRUNGE - ELES MOSTRARAM QUE O TRABALHO FOI CONSTRUÍDO SOBRE PEDRAS E BEM PAVIMENTADO NA HISTÓRIA DO ROCK

Rozineide M Cruz


Há shows que são fantásticos, inesquecíveis e, há os bons shows que valem o arquivo, principalmente, porque contam parte da história do rock. Os shows da turnê conjunta de Stone Templo Pilots e Bush são uma boa prova disso.
Sempre que bandas com mais de 20 anos de estrada resolvem sair em turnê após longo hiato, sem respaldo ou barulho na mídia e adesão de novos fãs aos recentes lançamentos e, sem estarem listados nas famosas "top tens" do mundo, os comentários se repetem: "bandas protagonistas de sua época, hoje parecem covers delas próprias". Será? Para fãs e críticos extremamente aguerridos, pode ser que sim. O tempo passou, os novos trabalhos não se sobrepuseram ou não somaram aos anteriores, os anos criativos ficaram para traz na história. Já para os fãs à temporais, o que vale mesmo é a chance de estar diante da banda que marcou uma época em suas vidas.
Assim podemos descrever o que foram os bons shows das ótimas bandas dos anos 90 do "pós-grunge", STP e Bush no último dia 14 de fevereiro no Credicard Hall em São Paulo. Não foi lotação "sold out", mas a casa estava cheia em plena quinta-feira e, mesmo com os shows começando por volta de 21h25 e  23h05, respectivamente, e, isso, não é pra qualquer um.
O Stone Templo Pilots, abriu a noite, com a expectativa do primeiro encontro entre o novo vocalista Jeff Gutt, que assumiu os vocais da banda em 2017 após a morte do lendário Scott Weiland em 2015 e, o público brasileiro. Após a abertura com "Wicked Garden" do disco "Core" (1992) e mais alguns outros acordes, vimos que além de escrever seu nome na história, Weiland também fez escola. É nítida a sua influência sobre Gutt, o novo frontman da banda, não somente na voz como em toda performance no palco. Mas, Gutt tem sim personalidade, ele é mais tímido e menos performático que seu antecessor, apesar de ter se jogado nos braços da galera da pista premium. Com a interpretação segura dos clássicos da banda, o baixinho teve o público nas mãos e, os trejeitos de Scott Weiland acabaram não fazendo tanta falta. No fim, deu tudo certo, com os irmãos Dean e Robert DeLeo e o baterista Eric Kretz como sempre tocando muito, eles arrebentaram. Foi um hits atrás do outro como "Creep", "Vasoline", "Big Empty" e a tão esperada "Push" que trouxeram de volta a atmosfera eletrizante dos primeiros anos da década de 90. Ainda teve espaço para as novas "Meadow" e "Roll Me Under" do álbum homônimo lançado em 2018. E como eles não poderiam ir embora sem levar os fãs ao delírio, fecharam com "Sex Type Thing" cantada em coro para marcar a saideira em Sampa com chave de ouro.

























SETLIST

STONE TEMPLO PILOTS


1. Wicked Garden
2. Crackerman
3. Vasoline
4. Silvergun Superman
5. Big Bang Baby
6. Big Empty
7. Creep
8. Plush
9. Meadow
10. Interstate Love Song
11. Roll Me Under
12. Dead & Bloated
13. Trippin' on a Hole in a Paper Heart
14. Sex Type Thing






Novembro de 1997, a então badalada casa de shows Olympia recebia a banda sensação do pós-grunge, Bush. Vinte e dois anos depois os adolescentes da época se uniram a outros fãs para um reencontro com Gavin Rossdale e remanescentes daquele Bush. Eles já pisaram no palco com o pé na porta com a estridente "Machinehead", o som que catapultou o Bush ao estrelato. A banda reformulada e Gavin Rossdale, sex simbol de sua época agora com 53 anos, não deixaram nada a desejar, fizeram um show eletrizante. Talvez o ponto negativo, para alguns, tenha sido as inúmeras paradas para integração com o público do agora falante Gavin. Fora isso, a banda soube trazer para o palco os ingredientes perfeitos para um bom show de rock. Teve Gavin rasgando a camiseta, ameaçando quebrar a guitarra, saltando, correndo e literalmente indo pra galera. Ele simplesmente, desceu do palco caminhou pelo público da pista premium e depois pela pista comum, o que deixou os seguranças malucos. Ato impensável nos dourados anos 90, as adolescentes e fãs apaixonadas do vocalista na época não lhe poupariam nenhum pedacinho! Hoje, mesmo com o aperto para algumas selfs, foi tranquilo. Rolou ainda uma cover dos Beatles "Come Together", boa surpresa para quem esperava algum som do Nirvana, já que Rossdale nunca escondeu ser fã declarado de Curt Cobain.
A reformulação da banda foi grande após um longo hiato e algumas retomadas. Em 1992, na cidade de Londres, o Bush nasce sob fortíssima influência grunge da época formado por Gavin Rossdale (vocal/guitarra), Nigel Pulsford (guitarra), Dave Parsons (baixo) e Robin Goodridge (bateria).
Em 1994 entram na cena rock mundial com o álbum de estréia "Sixteen Stone". As guitarras gritantes, a voz desconcertante e o visual sex symbol de Rossdale, contribuíram para o sucesso explosivo da banda logo de cara, principalmente, nos Estados Unidos, o berço do grunge. Faixas como "Machinehead" e "Glicerine" emplacaram entre as mais tocadas nas paradas americanas.
Dois anos depois, em 1996, é lançado "Razorblade Suitcase", segundo álbum da banda aguardadíssimo pelos fãs, com boa repercussão entre público e crítica. Em 1999 sai "The Science of Things" e "Golden State" em 2001, ambos, sem o mesmo vigor da estréia, ocorrida à menos de uma década, já indicava o declínio com o fim da era grunge e o surgimento de novas tendências no mercado da música. E tão rápido quanto o sucesso que alcançaram foi o desgaste que levou a banda a encerrar as atividades em 2002.
Após oito anos de afastamento, Gavin Rossdale e Robin Goodridge, resolvem retomar a banda com novos integrantes, Chris Traynor (guitarra) e o baixista Corey Britz. Com eles lançam os álbuns "The Sea of Memories" de 2011, "Man on the run" 2014 e, "Black and White Rainbows" de 2017, sem o mesmo frenesi dos dourados anos 90, porém, com força de gancho que trouxe de volta o Bush à cena rock.
Onde esse caminho os levará ninguém sabe. Certo é, que duas décadas depois, mais maduros, de volta à estrada com a nova turnê, o que se espera é que eles não sejam mais uma banda a se tornar cover de si mesma.






















Setlist BUSH

1. Machinehead
2. The Chemicals Between Us
3. The Sound of Winter
4. This Is War
5. The Disease of the Dancing Cats
6. Everything Zen
7. Greedy Fly
8. Let Yourself Go
9. Swallowed
10. Little Things
11. Come Together (The Beatles cover)
12. Glycerine
13. Comedown












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