terça-feira

THIS IS THE END

MY, YOUR, OUR… MTV BRASIL

Por: Neide Crug

Quando nasceu, 20 de outubro de 1990, tão alegre, vibrante, saltando direto da infância para a pré-adolescência, ninguém poderia imaginar que viveria só vinte e três aninhos.
-Ah! Meus 23 anos! Diria a rebelde de si mesma.
Os primeiros anos, brilhantes! Líder absoluta entre seu público alvo, jovens e adolescentes. Alcançando até a faixa adulta dos trinta anos durante os anos 90. Já nos anos 2000, passou a ser confrontada contra aquela que de amiga e parceira, passaria a ser um de seus algozes: a Internet.
De repente, o tempo passou. Seu público fiel cresceu e, agora, dividia a atenção com os atrativos dos novos rumos que a internet oferecia.

No início, uma mão lavava a outra. Afinal, nem todos tinham acesso á rede que engatinhava no país. Assim, a MTV ainda era o veículo mais rápido para obter informação e entretenimento.
Mas a velocidade com que crescia esses novos rumos era avassaladora. Isso teve efeito sobre a MTV. Sua enorme criatividade, seu visual inovador e a equipe de VJ’s super talentosos e carismáticos, sumiram. O sucesso deles na telinha chamou tanto a atenção, que outras emissoras vieram, caçaram e abduziram esses talentos.
Não parecia. Mas era o princípio do fim. A competitividade da internet, a saída de VJ’s que eram a cara da emissora que ditavam o ritmo dos programas de forma inteligente e divertida e, o esvaziamento da criatividade por trás das câmeras das mentes geniais responsáveis por programas e vinhetas inovadores que instigaram os jovens a ter voz ativa no país, tudo contribuiu para um caminho sem volta.
Nos últimos anos a rebelde mais famosa dos canais abertos, tinha se tornado uma paródia de si mesma. É verdade que não se venderam. Mas a “olhos nus”, se tornaram uma espécie de “Menudo”.
- Mudou a geração? Então precisamos de caras novas que os represente! A resposta a isso veio no ar. Caras novas que nada acrescentaram. Uma programação repleta de programas vazios e sem conteúdo.
A MTV Brasil famosa por convidar o jovem para o debate, a discussão construtiva, agora era a voz do humor com foco na “genitália masculina”.
Pergunta: MTV, Music Television, não significava canal de música? Para onde foi á música? De quem foi á ideia de inchar a programação com besteirol barato disfarçado de humor? Para onde foram os shows, os esportes radicais, as promoções, o falar inteligente e contestador, o jornal da música, as transmissões de shows ao vivo?
Nessa segunda, 30 de setembro de 2013, a meia noite em ponto, financeiramente falida, a jovem rebelde que viveu anos dourados vai morrer.
A verdade, é que os responsáveis pela MTV Brasil perderam a mão e a direção. Perderam o prumo. Não souberam multiplicar os investimentos da “usina criativa”. Quem perde Fábio Massari, Kid Vinil, Zeca Camargo, Astrid Fontenelli, Cuca Lazarotto, Edgard Piccoli, Luíz Thunderbird, Cazé Peçanha, Gastão Moreira, Penélope Nova, João Gordo, Marina Person, Sabrina Parlatori, Sarah Oliveira, Soninha Francine, Chris Nicklas, Chris Couto, Marcos Mion, Didi Wagner, Leo Madeira, Luisa Micheletti entre tantos outros, abre mão de sua essência.



As coisas mudam ou evoluem? Do Vinil ao cartão de memória quanta evolução! Mas ambos podem carregar o mesmo conteúdo, a música. A MTV Brasil quis tanto mudar que, simplesmente, parou de evoluir. Abriu mão do conteúdo, da criatividade, da atitude que era sua marca registrada para ser um “Peter Pan” às avessas: erotizado, recheado de humor chulo e emburrecedor. Nem sombra da MTV dos bons tempos. Saudosismo? Não. É a visão de muitos.
Por isso, não a My MTV Brasil, mas a que se tornou paródia dela mesma, enterrou a nossa, pegou as malas, fechou a fábrica de talentos e voltou para a casa americana, de onde partiu ainda um embrião.
Ela voltará? Dizem que sim, até renovada. Mas nunca mais como a nossa MTV Brasil. Neste 1º de outubro 2013 ficamos órfãos. Órfãos do talento e da criatividade brasileira.
Órfãos, Yes, you can cry.


Até.


As imagens podem ter direitos autorais

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