terça-feira

O FESTIVAL DA DIVERSIDADE

 O ROCK VAZOU. O BRITPOP E O INDIE BOMBARAM NO LOLLA

Por: Rozineide M. Cruz
Via Satélite

A chamada na TV mostrava a galera no vagão do trem se encontrando e indo ao Lollapalooza cantarolando "We Will Rock You" do Queen, um grande clássico de uma das maiores bandas de rock do mundo. Até o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, também estava na "balada". Grande sacada! Mas e aí? Cadê os clássicos, o rock que eu vi aqui? Sumiu ou encolheu?
No caso do Lollapalooza ele nunca foi o foco principal, desde sua criação no início dos anos 90. Mas um convidado especial. O Lollapalooza é na sua essência o Festival da Diversidade Musical, do novo e dos independentes. No Brasil, isso não poderia ser diferente. Por isso, o Britpop e o Indie rock dominaram os palcos do Lolla e, o rock clássico, foi o convidado especial encolhido no lineup das estrelas 2015.
Mas, o nosso foco aqui é o rock. Então, vamos falar do rock que vimos no Lolla direto da telinha para o conforto do sofá.















JACK WHITE



VISCERAL AVALANCHE ROCK BLUES NO LOLLA

Jack White é rock n' roll puro. Além de multi-instrumentista, é praticamente maestro de sua banda. No show, a mistura de cordas, metais, percussão com outros instrumentos como o violino ou o teremim instrumento eletrônico usado nos anos vinte, pode parecer inusitado para o cenário do rock, mas para Jack White faz todo o sentido. É a mistura de sons com vontade própria e autoral.
Durante o show se fechássemos os olhos e só ouvíssemos a música, iria parecer que estávamos num show dos primórdios do rock, lá no início dos anos 50, quando músicos negros americanos passaram a influenciar os brancos com suas guitarras chorosas e notas mais altas do som conhecido como blues e mais tarde como o pai do rock and roll.
Não é um show de hits, músicas fáceis que tocam nas rádios, mesmo o setlist tendo músicas do White Stripes e do Raconteurs, dois de seus projetos anteriores. É verdadeiramente um show visceral, para ser vivenciado, levado pela avalanche. Vai ver é por isso que Jack White tem um cenário retrô, no lugar de telões gigantes, tvs de tubo e outros objetos cenográficos antigos. O seu segundo álbum solo "Lazaretto" lançado em vinil, sendo o mais vendido desde 1994 nesse tipo de prensagem, sintetiza bem essa atmosfera.


Um verdadeiro "rock star" sem amarras nem artefatos apelativos, simplesmente o talento a serviço da música convidando a todos a serem tocados por essa avalanche que se encerra como uma homenagem aos fãs que lotaram o espaço em frente ao palco Onix do Festival com o mega hits "Seven Nation Army" do White Stripes, o hino dos estádios de futebol que lançou e catapultou Jack white como instrumentista, compositor e produtor da nova geração do rock.
Se algum roqueiro foi ao primeiro dia de Lollapalooza em busca de adrenalina com certeza após a presença de Jack White e banda no palco, pode dizer que saiu de bateria carregada.


ROBERT PLANT and The Sensational Space Shifters



A ETERNA VOZ MAGESTOSA do LED ZEPPELIN OFUSCADA PELO TEMPO

Foi aos primeiros acordes de "Babe I'm Gonna Leave You" que o público reverenciou a eterna voz magestosa do Led Zeppelin.
Mas, como o tempo é cruel até com os "Deuses". O "Sir" Robert Plant, que foi chamado de "sex simbol" no início dos anos 70 quando estava à frente do Led Zeppelin, que já desfilou sua voz poderosa revestida de agudos pelos palcos do mundo inteiro, mesmo agora, ao entoar clássicos de sua antiga banda e ser aplaudidíssimo pelos fãs que se aglomeraram para ver o "mito", mesmo ele, diante do tempo, não consegue ascender a mesma chama. Não que a The Sensational Space Shifters Band que o acompanha não seja boa. Eles são ótimos. Prova disso, está na apresentação de músicas do seu mais recente álbum Lullaby and… The Ceaseless Roar como “Rainbow” e “Little Maggie” gravadas com a banda. O problema é a potência do show para um espaço aberto. Talvez funcione melhor num local fechado ou movimentado com algumas participações, como no Lolla da Argentina quando rolou a parceria dele com Jack White. Foi um show para "brisar" e não para "enlouquecer" nem "sacudir a cabeça". Aos fãs fica a alegria de ter visto o "Mito" Robert Plant ainda em atividade nos palcos cantando os sons inesquecíveis de uma das melhores bandas do rock de todos os tempos como: Black Dog, Going To California, The Lemon Song, What Is And What Should Never Be, Whole Lotta Love e Rock And Roll.


























SMASHING PUMPKINS


ATMOSFERA PÓS-GRUNGE CONTAGIOU O PÚBLICO DO LOLLA

Pra encerrar a participação do rock no Lollapalooza 2015 com chave de ouro, o Smashing Pumpkins trouxe pro palco a energia do som pós-grunge dos anos 90.
A receita é antiga mas sempre funciona. Abrir o show com um som da fase áurea da banda. Billy Corgan (Whillian) usou bem a receita e serviu o banquete. "Cherub Rock", faixa do álbum de estreia do grupo, o "Siamese Dream" de 1993 abriu o show seguida de "Tonight, Tonight", clássico da banda, já é apontado como o hit do Lollapalooza 2015. Outros clássicos como "Ava Adore", "Being Beige", "Drum + Fife" e "Stand Inside Your Love" sustentaram bem a energia nostálgica do clima anos 90. A explosão veio com a belíssima "1979" faixa do premiadíssimo "Mellon Collie and The Infinite Sadness" de 1995, terceiro álbum da banda e o primeiro na lista da Billboard logo na estréia.



Diferente de outras passagens que fez por aqui, Billy Corgan teve momentos antagônicos. A "barriguinha" saliente revelando um Corgan maduro e mais falante que interage com o público como na brincadeira sobre seu aniversário e a idade subtraída, contrapunha ao olhar distante durante os solos das músicas. Entristecido pela perda recente de sua gatinha mas, consolado por um fã que lhe deu um bichano de pelúcia, mostrou fôlego no solo de guitarra de "Pale Horse".Ainda no clima "momento fofo" e inusitado, Billy Corgan sorriu e dedicou ao público que se manteve fiel até aquele momento "One and All (We are)".
Há tempos o Smashing Pumpkins é Billy Corgan mais 3 ou 4, só que dessa vez a formação contou com mais peso como o baterista Brad Wilk do Rage Against the Machine e Mark Stoermer baixista do The Killers. Insatisfeito com o cenário musical  da atualidade, Billy Corgan vêm dando pistas de que o futuro da banda é incerto e, que "Monuments to an Elegy" pode ser o último trabalho da banda que foi ícone dos anos 90. Talvez isso explique seu caráter conflituoso e angustiado. Porém, nada apaga a sua importância e a contribuição para o cenário do rock mundial.




Setlist

Cherub Rock
Tonight, Tonight
Ava Adore
Being Beige
Drum + Fife
Stand Inside Your Love
1979
Pale Horse
Monuments
Drown
Disarm
One And All (We Are)
United States
Bullet With Butterfly Wings

Bis

Today (acústico)

PITACOS DA CRUG

Bota fora geral! Alguém pode explicar a queima de fogos antes do final do show do Smashing Pumpkins? Será que os responsáveis desse setor não aguentavam mais a melancolia do rock infeliz e queriam acabar com tudo pra correr e pegar a rabeira do pop feliz? Ou será que era só pra mandar o povo embora tipo: Aí gente, acabou, já deu, até!
Pois é! O Billy Corgan não gostou. Ups! Olha o Lolla causando!!


As imagens podem ter direitos autorais


Nenhum comentário:

Postar um comentário