domingo

ROCK IN RIO 2015 Dia 2

ROCK IN RIO 30 ANOS















Avalanche Metal Invadiu os Palcos do Rock In Rio

2º Dia – 19 de Setembro

Falhas, despedida, surpresa e atitude dominaram o palco mundo


Rozineide M Cruz

GOJIRA


























Metal com atitude ecológica


Em sua segunda passagem pelo Brasil, a primeira foi no Monster Of Rock 2013, a banda francesa Gojira, representante da nova geração do death metal progressivo, abriu com força a noite do metal no palco mundo. A leveza das melodias com temáticas em defesa do meio ambiente é a atitude que contrasta com o peso sonoro da banda que tem nos irmãos Duplantier o seu foco: o baterista Mario Duplantier é o perfeccionismo e o vocal Joe Duplantier é a personalidade performática. Aliás, Joe fez questão de estar mais próximo do público, ele andou pelos corredores no meio da multidão. Em cerca de uma hora eles levaram muito peso passando pelos cinco álbuns da banda.


Setlist

Ocean
The Axe
Heaviest
Backbone
Love / Rememb
L'Enfant
Intro - Flying
Solo MD
Oroborus
Vacuity
Gift




ROYAL BLOOD























Dupla Surpresa


O duo britânico formado por baixo e bateria, a surpresa do Festival, segurou bem a multidão que aguardava o headliner da noite, o Metallica. Mike Kerr baixista e vocal do duo em entrevista ao portal de notícias G1, fez uma comparação entre culinária e música, para ele assim como é possível fazer bolo sem batedeira, também é possível que o rock exista sem seu astro maior a guitarra. Na segunda noite de Rock In Rio no palco mundo ele e o baterista Ben Thatcher provaram que sim, é possível. Com um único álbum homônimo lançado em 2014, a cada faixa executada eles alternavam o som, horas denso, horas pesado. Pedais diversificados e afinações entre graves e agudos apoiados por uma mistura sem muito mistério a do pedal trocado, o som do baixo na maioria das vezes saindo no amplificador da guitarra pra soar mais agudo e distorcido e, em outros momentos de mais peso, pra fazer com que a pancadaria role, os amplificadores do baixo e da guitarra são abertos simultaneamente. Mas é claro que não se pode simplificar a qualidade de Mike Kerr como baixista. A base do som do Royal Blood é composta pela forma como ele explora todos os recursos do instrumento. A bateria é que parece manter a mesma base marcada em todas as músicas com poucas variações. A soma disso tudo é que dá a impressão de uma banda completa.



Momentos hilários: Mike Kerr em tempos de alta tecnologia, puxando o cabo do baixo pra ver até onde ele poderia ir na passarela e chegar mais perto do público. O baterista Ben Thatcher deixa Mike Kerr no palco em dois momentos solos pra dar um moche na galera. O problema é que alguém precisa ensinar pra ele como dar o moche. No final, a quebradeira rolou, típica de banda garage hard rock com introdução de "Iron Man" do Black Sabbath, uma das fontes inspiradoras do duo que passou pela prova de fogo e, de quebra, conquistou o respeito da massa. 


Setlist

Come on Over
Cruel
Figure it out
Better Stranger
Little Monster
Blood hands
One Trick Pony (cover T-Rex)
Ten Tonne Skeleton
Loose change
Out of the black
Introdução rifada de Iron Man (cover do Black Sabbath)





MOTLEY CRUE


Hora da despedida


Os californianos do Motley Cure entraram no palco mundo com o pé na porta, por assim dizer, abrindo o show com o maior hit da banda "Girls, Girls, Girls" e, suas garotas de shortinhos sensualizando no palco. Maior símbolo do Glam Rock americano dos anos 80, o Motley Cure apresentou no palco mundo do Rock In Rio, provavelmente, o último show de sua carreira aqui no Brasil.


A "The Last Final Tour" ou Turnê de Despedida encerra uma carreira com mais de 30 anos de estrada e muitas tretas no caminho da banda de Tommy Lee, Nikk Sixx, Mick Mars e Vince Neil, os formadores do Motley Cure. Dá pra perceber que a banda nessa despedida está aproveitando ao máximo cada momento e resgatando no palco o que eles produziram de melhor ao longo dos anos. Por isso, o setlist mais focado nas faixas dos primeiros álbuns da década de 80, sua melhor fase.




A cada show o fim fica mais próximo. Pensando nisso, quantas lembranças terão se passado na cabeça do emocionado vocalista Vince Neil que veio as lágrimas diante da multidão que cantou com ele no bis a balada "Home sweet home", com direito à Tommy Lee ao piano fechando com chave de ouro a derradeira apresentação do Motley por aqui. Ficaram para traz os tempos de loucura, drogas, prisões, brigas. Agora para os já saudosistas do ícone do glam rock oitentista é hora de celebrar.











Setlist

Girls, Girls, Girls - 1987
Wild Side - 1987
Primal Scream - 1999
Same Ol' Situation - 1989
Don't Go Anyway Mad - 1989
Smokin in the boys room - 1985
Looks that kill - 1983
Anarchy in the U.K. (cover Sex Pistols) - 2006
Shout at the Devil (introdução) - 1983
(Short guitar solo)
Saints of Los Angeles - 2008 
Live Wire - 1981
Dr Feelgood - 1989
Kick start my heart - 1989
Home sweet home - 1985








METALLICA

Fãs no palco, apagão e novas interpretações para velhos hits

Figura fácil no line-up do Rock In Rio em suas últimas edições, seja aqui ou na gringa, dessa vez o Metallica foi visto de forma diferente. Ao menos pelos 100 felizardos sorteados pelo fan-clube da banda aqui no Brasil para ver o show do palco. Com uma produção menor, com menos efeitos em relação a sua última passagem por aqui, os fãs no fundo do palco acabaram sendo uma atração à mais do show. Diante da expectativa e da espera durante o dia inteiro do público que enfrentou um dos dias mais quentes do ano no Rio de Janeiro, com pouco mais de 20 minutos de show, algo tinha que acontecer pra tentar esfriar o ânimo dos fãs e da banda. Pequenas falhas de som começaram a ocorrer até que a guitarra de Kirk Hammet falhou e ele se virou imediatamente com cara de poucos amigos para a equipe de produção do palco, um minuto depois começa a pipocar falhas no microfone de James Hetfield, já dava pra notar um certo desconforto no palco. Por fim, com quase 25 minutos da apresentação do Metallica vem o apagão de som e luzes que obrigou a banda a sair do palco por cerca de 5 minutos, diante do olhar atônito de todos que não sabiam o que poderia estar acontecendo. 
































Logo depois eles retornam com James e seu vozeirão cantando "The Unforgiven" para delírio da multidão, sem "passar recibo e nem comentários em cena. Olhares mais atentos e sensíveis, podiam sentir que a tensão permaneceu presente até o final do show. A assessoria do Festival divulgou nota informando que o problema ocorreu devido a "desconexão da linha de saída de som entre a mesa da banda e a do festival". 
Pra não ficar na mesmice dos últimos anos, já que essa era a terceira participação consecutiva deles no evento e, terceira passagem pelo Brasil desde o Rock In Rio 2013 e a turnê "Metallica by request", apresentação única no estádio do Morumbi em São Paulo 2014, eles fizeram o que era possível, alteraram a ordem das músicas, incluíram "King nothing", "Turn the page" cover de Bob Seger, boa versão mas que não empolgou o público, "Frayed ends of sanity" de 1988 uma raridade nos shows da banda e, com exceção do controverso "St Anger" de 2003, rolaram músicas de todos os álbuns, principalmente, do excepcional "Black Álbum". Outro trunfo contra a mesmice foi arriscar sonoridades diferentes em alguns clássicos . Muito pouco pra uma banda do calibre do Metallica.






















Após anos de estrada parece que eles resolveram relaxar. É difícil, mas é preciso dizer o que era visível, mesmo sendo o Metallica. A impressão é de uma banda cansada, dispersiva, até o batera Lars Ulrich, que sempre foi o coração pulsante da banda, não mostrava a mesma energia. Cruel, mas era a imagem da apatia, de uma certa "preguiça".Talvez a apatia se explique pela falta de um álbum de inéditas, o último foi em 2008. Algumas bandas são tão "monstruosamente" boas, que dar a elas um rótulo é uma atitude medíocre. O Metallica é uma dessas bandas. Seus integrantes vão além do "heavy metal" pela sua qualidade como músicos. A qualidade sonora do conjunto, músicos, arranjos, letra e melodia, além do carisma de palco, a tal "faca nos dentes", doses de guitarras metralhadoras, sempre foram a base que forma o Metallica. Ao longo dos últimos anos, sua força tem sido sua playlist. E, é por isso, que o Metallica sempre oferece mais do mesmo e continua sendo seguido por uma legião de fãs aqui e mundo à fora, com muita segurança. Mas, isso precisa mudar, antes que eles se tornem "cover" de si mesmos.

Setlist

Fuel
(Bells) For Whom The Bell Tolls - 1984
...No Doodle ...
Battery
King Nothing
Ride The Lightning
...Kirk's Doodle ...
... Unforgiven Tape ...
The Unforgiven
Cyanide
Wherever I May Roam 
Sad But True
Turn The Page
The Frayed Ends Of Sanity - 1988
One
Master of Puppets
Fade to Black
Seek & Destroy
Whiskey In The Jar
Nothing Else Matters
Enter Sandman








PALCO SUNSET


O encontro pacífico do Heavy com o New Metal

Noite de muito peso no palco sunset. Noturnall+Michael Kiske, Angra + Dee Snider e Doro Pesch, o som industrial sombrio do Ministry+Burton C. Bell e o headline da noite, Korn.
NOTURNALL

O Noturnall banda brasileira recém formada que tem o dicidente do Angra o baterista Aquiles Priester, foi a primeira a se apresentar no palco sunset com o convidado especial Michael Kiske, ex-vocalista do Helloween, que deu uma canja aos fãs ao cantar "I want out" hit de sua ex-banda e, suas "zumbis dançarinas de poli dance". O vocalista Thiago Bianchi surpreendeu o público ao convidar a mãe, a também vocalista Maria Audete, para cantar "Woman In Chains" cover do Tears For Fears.



Setlist

Fake Healers
Zombies
Fight The System
Noturn At All
Woman In Chains (cover Tears For Fears - white Maria Odette Bianchi)
Cowboys From Hell (cover Pantera)
Noturnal Human Side
Exceptional (cover Unisonic - white Michael Kiske and Mike Orlando)
Sugar Pill (white Michael Kiske and Mike Orlando) 
Bis
I Want Out (cover Helloween - white Michael Kiske and Mike Orlando)



ANGRA


O sol ainda brilhava forte quando o Angra começou seu show no palco sunset no segundo dia de rock in rio. Tendo a frente nos vocais o italiano Fabio Lione, eles saúdam o público com "Newborn me" do álbum Secret Garden lançado em 2014. Um show curto, porém, repleto de emoção. Teve a despedida do guitarrista Kiko Loureiro que está indo para o Megadeth e a apresentação do seu substituto Marcelo Barbosa. Juntos, dividindo as atenções no palco, eles mandaram o clássico da banda "Carry on" e "Nova Era". Aos fãs do heavy metal e do hard rock que já se aglomeravam em grande número diante do palco sunset, eles presentearam com as participações da alemã Doro Pesch, chamada de rainha do metal, cantando "Crushing room" também do álbum Secret Garden. E a participação mais do que especial de Dee Snider líder do Twisted Sister, banda de hard rock de visual espalhafatoso, importantíssima dos anos 80 cantando juntos dois hits da banda: "I wanna rock" e "We're not a gonna take it", agitando as primeiras rodas de pogo do dia.





Setlist

Intro/Newborn Me
Nothing To Say
Waiting Silence
Final Light
Lisbon
Crushing Room (Doro Pesch)
Rebirth 
Intro/Carry On/Nova Era
I Wanna Rock (Dee Snider Twisted Sister)
We'Re Not Gonna Take It (Dee Snider Twisted Sister)





MINISTRY

Na ativa desde os anos 80, o metal industrial, sombrio, de guitarras pesadas, distorções eletrônicas e letras ásperas do Ministry não é para ouvidos sensíveis e amadores. Terceira atração do palco sunset, ao entrar e ficar cara à cara com o público, o excêntrico vocalista Al Jorgensen deu o tom do que esperar deles. Com visual de bata colorida, dreadlocks, piercings por todo o rosto, máscara de gás e, bengala com caveira na ponta, diante do seu pedestal de microfone decorado com ossos e um crânio, ele abre o show com o pé na cara, "Hail To His Majestic" é cheia de ofensas e expressão sobre experiência de sexo oral. O show segue focado em faixas do seu último álbum "From Beer to Eternity" de 2013 e outras do álbum "Houses of the Molé" de 1992, que mostra o lado profundamente crítico e politizado dos americanos com participação de Burton C. Bell vocal do Fear Factory como em "Way of life". Caos, anarquia, insanidade tudo faz parte do universo da banda bem explícito na figura do seu "frontman". Obscuro, se assustou, ou não entendeu a festa dos fogos de artifício que anunciavam a abertura do palco mundo. Cuspiu várias vezes no chão e no público, ao qual incitou a enlouquecer e entrar na pilha das imagens de guerras, políticos, drogas e violência exibidas no telão. Após uma hora, com microfone atirado ao chão e ares de desprezo, chegava ao fim a apresentação do principal nome do metal industrial.
Setlist

Hail To His Majestic
Punch In The Face
Permawar
Fairly Unbalance
Rio Grande Blood
Lies, Lies, Lies
Waiting 
Worthless
N.W.O.
Just One Fix
Thieves
So What



KORN

New Metal em noite de festa e coro de "olê, olê, olê, olê...Kornêê, Kornêê..."

Show com cara de palco mundo que levou o maior público para o palco sunset. Tradicionalmente denso, com os graves do baixo estilizado de cordas verde e amarelo de Reginald Arvizu no último volume unido a pulsação vigorosa do batera Ray Luzier, as guitarras gritantes cheias de peso de Brian Welsh e James Shaffer somadas a voz alternada de Jonathan Davis entre falsete e gutural, resultaram no melhor show do sunset até aquele momento. A cada som executado, aumentavam as rodas de pogo. O show  em sua maior parte, celebra os quatro primeiros álbuns da banda pioneira do new metal entre os anos de 1994 e 1998. 




Apoiado ao seu já famoso pedestal de microfone em forma de corpo feminino nu, o introspectivo Davis, surpreendentemente, se mostrou muito à vontade com o público do rock in rio. Enquanto cantava agitava a multidão pedindo mãos pra cima e palmas. Quando pegou sua gaita de fole escocesa pra tocar já se aproximando do final da apresentação foi um delírio. O hit "Freak on a Leash" que catapultou o Korn para o mundo, encerrou o show que teve muita bateção de cabeça e pogo. Em tempo: diferente dos compatriotas do Ministry, eles viram a queimação de fogos que fechou os trabalhos do palco sunset sem nenhuma estranheza ou susto.

Setlist

Blind - 1994
Ball Tongue - 1994
Need To - 1994
Clown - 1994
Here To Stay - 2002
Coming Undone - 2005
Did My time - 2003
Got The Life  - 1998
Shoots and Ladders - 1994
Somebody Someone - 1999
Falling Away From Me - 1999
Freak on a Leash - 1998









As imagens podem ter direitos autorais.



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